Associada ao elevado crescimento populacional, a acentuada expansão urbana determina a necessidade cada vez maior de áreas verdes nas cidades, dentre as quais se destacam os parques urbanos, cujas funções tornam-se gradativamente mais importantes. Alguns desses espaços são instituídos como unidades de conservação da natureza. Assim, seu processo de planejamento e gestão requer especial atenção da administração pública, garantindo a conservação ambiental e contribuindo para o desenvolvimento humano. Os Parques Urbanos [frente às atuais deficiências dos espaços urbanos que tem criado condições nocivas à qualidade de vida humana e degradação do ambiente de convívio] se apresentam como alternativa conciliadora de modo a criar um ambiente sustentável, do ponto de vista social e ambiental.
Na gestão do Prefeito José Elias Moreira (1977-1982), foi realizado a montagem do Plano de Complementação Urbana – Projeto CURA/BNH com objetivo de investir na infra-estrutura da cidade. Através desse Plano foi implantado o Parque Antenor Martins, conhecido na época como CEPER do Flórida, e posteriormente o Parque ArnulphoFioravante, o CEPER da Rodoviária, devido à necessidade de se criar áreas de lazer e de preservação ambiental. Ambos os parques se tornaram cartões postais da nossa cidade.
Os anos se passaram e hoje vivemos uma situação inusitada:Tanto ao Parque Antenor Martins como o Parque ArnulphoFioravanti continuam cartões postais da nossa querida Dourados. Porém, no caso do Parque AnulphoFioravanti um cartão postal de péssima fotografia. O Parque tornou-se o que já chamaram de “patinho feio” das nossas reservas ambientais urbanas. Tendo como vizinhas imponentes edificações, como a Rodoviária, uma grande loja de departamentos e o Shopping Center, ele está lá no cantinho do cartão postal. O concreto se sobressaindo no cartão postal.
Suas nascentes encontram-se todas impactadas, com grande acúmulo de lixo, deposição de esgoto, espécies invasoras e ausência de matas ciliares. Nas condições em que se encontra a área não atende as funções básicas que é de servir para a melhoria da qualidade de vida no ambiente urbano e da conservação da biodiversidade local.
Dessa forma, faz-se necessário um plano emergencial de revitalização, arrojado e visionário. Além disso, há a necessidade de um programa de gestão ambiental que garantam a manutenção da biodiversidade e que, ao mesmo tempo, possa fornecer ao local uma condição adequada à prática do lazer e recreação, de modo a contribuir para a qualidade de vida da nossa gente e de nossos visitantes. Faz-se necessário, também, o desenvolvimento de ferramentas de sensibilização e transformação que promovam mudanças de conduta na comunidade do entorno, no sentido de possibilitar a percepção de problemas ambientais, fazendo com que cada pessoa assuma a sua responsabilidade perante o meio em que está inserida.
Tendo em vista que as políticas públicas devem priorizar a qualidade de vida para um compromisso ético de uma sociedade garantidora da vida, onde as potencialidades humanas não sejam brutalizadas e nem a natureza destruída e é esse pensamento que nos faz propor a criação do Comitê Pró Parque Arnulpho Fioravanti, com o engajamento da sociedade civil e o olhar especial do poder público para essa importante área verde da nossa cidade. Nosso objetivo, assim como o de todos os que naquele parque passaram momentos agradáveis, antes dele se tornar o “patinho feio”, é resgatar a finalidade do Parque: proporcionar qualidade de vida à população através do ambiente natural e artificial saudável, mantendo atributos como água, ar e solo e a promoção de lazer e recreação a toda a parcela da população, benefícios cada vez mais necessários.
Não vejo o Parque como um “patinho feio”. Vejo como um cisne negro, completamente ignorado pelo poder publico, que não prioriza sua beleza e não enxerga a sua força. Senhores Políticos, Povo de Dourados. Priorizemos o nosso Parque ArnulphoFioravanti, pois pouquíssimas são as cidades que ao envolto a tanto concreto possuem um espaço tão magnifico e tão majestoso. Pensemos!
*O autor, Marcelo Mourão, é vereador em Dourados e colunista do Blog